As taxas Euribor são a referência utilizada em empréstimos e em muitas das nossas aplicações financeiras, como os depósitos a prazo.
As taxas de juro Euribor são talvez das taxas mais conhecidas do público e o mais provável é já ter ouvido falar neste assunto vezes sem conta. Estão presentes em vários momentos da nossa vida e condicionam muitas vezes o orçamento familiar.
Mas afinal em que consistem, como se calculam e de que forma se relacionam com os consumidores? Vamos ficar a conhecer um pouco melhor estas taxas e o impacto que podem ter nos seus empréstimos, bem como nas suas poupanças.
O QUE É A EURIBOR E COMO SE CALCULA?
Euribor é a forma abreviada de Europe Interbank Offered Rate, isto é, é uma taxa usada entre os bancos da zona Euro e nasceu a 1 de janeiro de 1999, no mesmo dia em que nasceu o Euro.
As taxas Euribor baseiam-se na média dos juros cobrados pelos principais bancos europeus quando se financiam entre si. Nestes empréstimos incluem vários prazos que vão desde 1 semana até 12 meses.
Embora referida na maioria das vezes como se de apenas uma taxa se tratasse, a Euribor é na verdade um conjunto de taxas, cada uma delas para um prazo diferente. Pode ser a uma semana, a um mês, seis meses ou um ano, consoante o prazo do empréstimo. Além destas há ainda uma taxa overnight (duração de um dia), conhecida por taxa de juros Eonia.
Todos os dias úteis, às 11h00 (hora central europeia-CET e 10h00 em Lisboa), as taxas de juro Euribor são divulgadas e transmitidas a todas as partes participantes e imprensa.
Processo de cálculo e publicação
A base para o cálculo é a média das taxas de juros disponibilizadas por um painel de 18 bancos da zona euro. A Federação de Bancos Europeus seleciona as entidades de crédito integrantes com base em critérios como a solvabilidade e importância no mercado. O único banco português a integrar este grupo é a Caixa Geral de Depósitos.
Para se chegar ao valor da Euribor de cada prazo, excluem-se 15% das taxas mais altas e 15% das taxas mais baixas.
O nível das taxas de juros Euribor é determinado ainda pelo volume de oferta e procura. Assim, como pelas circunstâncias económicas, como por exemplo, o crescimento económico e o nível da inflação.
O cálculo das taxas para os diferentes prazos é realizado e publicado diariamente (dias úteis) pela agência Reuters.
PORQUE É QUE A EURIBOR É IMPORTANTE?
Estas taxas têm um impacto determinante na sua vida, pelo que é importante conhecê-las ao máximo e acompanhar a sua evolução.
Por um lado, as taxas de juro Euribor, nos seus vários prazos, utilizam-se como indexantes para os créditos bancários, desde o crédito automóvel ao crédito habitação bem como outros instrumentos financeiros como obrigações e derivados. Por outro lado, são também uma referência para muitos outros produtos de poupança, como é o caso, por exemplo, dos depósitos a prazo e contas poupança.
Fator determinante nas prestações de créditos
Nos empréstimos à habitação com taxa variável (a grande maioria em Portugal), a taxa de juro inclui duas componentes somadas entre si: Euribor e spread fixo, que corresponde à margem de lucro do banco.
Sendo um indexante, a Euribor reflete-se no valor da prestação mensal a pagar ao banco. Se a taxa aumentar, os juros sobem, agravando assim a mensalidade do empréstimo. Se a taxa descer, os juros diminuem e a prestação é mais suave.
Ao longo do contrato, o valor do indexante é revisto a cada 3, 6 ou 12 meses, dependendo do prazo da Euribor escolhida. Por exemplo, se a taxa de juro de referência for a Euribor a seis meses, os juros são recalculados de meio em meio ano. A Euribor a vigorar no período seguinte calcula-se com base na média aritmética simples das taxas que vigoraram no mês anterior. E é obrigatoriamente arredondada à milésima.
Impacto no juro das poupanças
As taxas Euribor são também um bom indicador da tendência para os juros dos depósitos a prazo.
Os juros da maioria destes depósitos acompanha a evolução da Euribor para definir a remuneração paga aos depositantes. O que significa que quanto mais elevadas as taxas, maior a retribuição da poupança.
Se pelo contrário, as taxas Euribor estiverem baixas, como tem acontecido nos últimos anos, então menor será o rendimento destas aplicações.
Euribor negativa
Assim, tanto os créditos como as poupanças parecem “andar à boleia” da Euribor. Desde 2015 que se verifica uma tendência para estas taxas serem negativas, com reflexos muito positivos na prestação do crédito à habitação (mas menos interessantes se estivermos a falar de depósitos).
Desde 2018 que, por imposição legal do Banco de Portugal, os bancos são obrigados a refletir, na totalidade, as médias negativas da Euribor nos empréstimos concedidos aos clientes que se encontrem indexados à Euribor.
Se tem um empréstimo com taxa variável e se a soma da média da Euribor e spread der um resultado negativo, deverá ter direito ao crédito de juros. No entanto, a opção mais utilizada pelos bancos nestes casos é abater mensalmente esse montante ao capital em dívida.
€STR: UMA NOVA EURIBOR?
A Euribor tem sido alvo de manipulações que distorcem a realidade do mercado. Isto porque resulta de valor declarados pelos bancos numa espécie de intenção de preço e não de transações de facto realizadas. Dada a sua importância para o sistema financeiro da zona Euro, e por questões de transparência, o Banco Central Europeu (BCE), está a considerar substituir a Euribor por outro indexante e decidiu desenvolver uma nova taxa interbancária.
Chama-se €STR (ESTER) e significa Euro Short-Term Rate e poderá vir a substituir a Euribor. Em 2021 esta taxa já substituiu a EONIA (Euro Overnight Index Average), criada para refletir quanto tem um banco de pagar quando pede fundos a um dia.
Assim, embora a substituição da Euribor possa vir acontecer, para já os bancos irão continuar a usar a Euribor. Espera-se, no entanto que sejam feitas alterações ao seu método de cálculo por forma a passar a considerar apenas transações de facto realizadas.
Fonte: e-konomista.pt, 6/1/2022