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Inflação está a subir: qual o impacto na nossa vida financeira

in Notícias Gerais
Criado em 23 novembro 2021

Presente na rotina de todos nós, a palavra inflação pode assustar.

Saiba tudo sobre este tema tão importante: o que significa e como é calculada.

Embora nos anos mais recentes a inflação tenha estado em valores muito baixos, a retoma económica tem sido acompanhada por uma pressão inflacionista   e certamente já se deu conta de entrar no supermercado e perceber que com a mesma quantia de dinheiro, compra menos produtos que os que comprava em anos anteriores.

Esta perceção empírica significa que a inflação subiu e que se revela na sua carteira. É como se tudo ficasse mais caro, perdesse poder de compra e o dinheiro perdesse o seu valor.

A Comissão Europeia reviu em alta, este mês a previsão para a taxa de inflação de 2021 e 2022 situando-se na zona Euro perto dos 2%. No entanto, a evolução da taxa de inflação não será idêntica em todos os países.

 

A INFLAÇÃO EM PORTUGAL EM 2021 E 2022

A Comissão Europeia estima que em Portugal a inflação se situe nos 0,8% em 2021, e em 1,7% em 2022, valores abaixo dos 2% previstos para a zona Euro.

Em 2020 a economia portuguesa registou deflação dos preços em resultado dos preços dos bens industriais e energia, mas sobretudo do turismo, claramente afetado pela pandemia.

O aumento dos preços da energia e combustíveis, irá traduzir-se num aumento da inflação nos meses de inverno, mas sobretudo em 2022 com o retomar do turismo.

De facto, em outubro a inflação homóloga situou-se nos 1,8%, uma subida face aos 1,5% registados em setembro.

Note-se, no entanto, que o governo estima que em 2022 a inflação se situe perto do 1%, valor bastante inferior à previsão de Bruxelas.

 

O QUE É A INFLAÇÃO E COMO É CALCULADA?

A inflação é a subida generalizada dos preços de todos os produtos. É natural, por isso, pelo efeito da lei da oferta e da procura, os preços dos bens e serviços mudarem. Por exemplo, se há maior procura por um determinado produto, é normal que o seu preço suba.

Alguns preços sobem, outros descem. No entanto, em momentos de inflação os preços sobem independentemente da aplicação dessa lei e essa subida generalizada dos preços verifica-se durante um período de tempo prolongado.

 

Como se calcula a inflação?

Índice de preços no consumidor

A inflação é apurada mensalmente e é dada pela variação do IPC – Índice de Preços no Consumidor de mês para mês. Para se calcular o IPC, divide-se o custo do cabaz de compras em dado período pelo custo do cabaz no período-base e multiplica-se o resultado por 100.

 

Cabaz representativo

Por sua vez, para chegar ao IPC, é necessário definir um cabaz de produtos representativos do padrão de consumo de uma família.

Esse cabaz de compras contém uma ampla variedade de bens e serviços, como produtos alimentares, vestuário e calçado, automóveis, computadores, rendas de habitação, água, energia e combustíveis. Depois aplicam-se ponderações diferentes para cada produto, uma vez que têm pesos diferentes no orçamento familiar.

Ou seja, nem todos os bens vão ter o mesmo peso no cálculo da inflação. Os produtos em que se gasta mais, como a eletricidade, têm um peso maior, do que aqueles em que se gasta menos, como por exemplo o açúcar.

Também é preciso ter em conta que as famílias têm hábitos de consumo diferentes. Algumas comem carne e outras são vegetarianas, uns têm automóvel próprio e outras só utilizam transportes públicos.

Assim, a ponderação dada a cada produto é determinada em função do gasto médios de todas as famílias. Só assim, é possível ter um valor mais perto do real impacto do aumento de preços nos bolsos das famílias.

 

Exemplo

Pensando num cabaz de compras representativo da despesa anual de um estudante universitário, estas despesas podem corresponder a: renda do quarto, material escolar, transportes, propinas, 100 refeições e 50 bebidas.

Se quisermos fazer o cálculo anual, pensamos que no ano base o custo deste cabaz foi 2000 euros, aumentando para 20100 euros, um ano depois (ano 1), e para 20300 euros, dois anos depois (ano 3).

IPC para o ano 1 = (Custo do cabaz no ano 1 – Custo do cabaz no ano 0) x 100 = (2100€ / 2000€) x 100 = 105

IPC para o ano 2 = (Custo do cabaz no ano 2 – Custo do cabaz no ano 0) x 100 = (2300€ – 2000€) x 100 = 115

 

Taxa de inflação

A inflação é medida pela taxa de inflação que indica a percentagem de aumento de um cabaz de produtos num determinado momento em relação ao outro momento anterior. Este cálculo está a cargo do INE – Instituto Nacional de Estatística, realizando-o todos os meses.

Existem várias taxas de inflação que se podem indicar, pelo que é importante conhecer o seu significado. Sendo que a taxa de inflação homóloga e é a mais utilizada.

 

Inflação média, mensal e homóloga

Inflação Mensal: Reflete a variação dos preços entre dois meses consecutivos. Permite um acompanhamento corrente da evolução dos preços.

 

Inflação Homóloga: Reflete a variação dos preços do cabaz representativo entre o mês corrente e o mesmo mês do ano anterior.

 

Variação média dos últimos doze meses: compara a inflação média dos últimos doze meses com a dos doze meses imediatamente anteriores.

 

Como interpretá-la?

Se esta taxa estiver entre 0% e 1%, significa que os preços ficaram praticamente na mesma. Mas se for superior a 2% então estamos num período de inflação que pode ser mais difícil controlar. Se a taxa for negativa então significa que houve uma deflação. Os preços do período em questão diminuíram em relação aos preços verificados no período utilizado para comparação.  

 

INFLAÇÃO E DEFLAÇÃO: QUAIS AS DIFERENÇAS?

O primeiro efeito da deflação é a subida do poder de compra das famílias, uma vez que com o mesmo dinheiro passam a poder comprar mais produtos. É precisamente a situação contrária à inflação que provoca uma redução do poder de compra. Se for temporariamente a deflação pode ser positiva e dar um maior fôlego financeiro às famílias.

 

A deflação pode ser tão prejudicial quanto a inflação

No entanto, se a deflação persistir no tempo (por vários anos), pode afetar negativamente as famílias e a economia. Isto porque as decisões de consumo são adiadas na expectativa de que os preços venham a descer mais ainda.

Este comportamento vai gerar uma espiral deflacionista nefasta para a economia: as empresas vendem menos, reduzem o investimento e o pessoal, como forma de compensar a queda nas receitas. Com menos dinheiro, as famílias tenderão a comprar ainda menos.

 

QUAL O IMPACTO DA INFLAÇÃO NAS NOSSAS VIDAS?

Uma inflação baixa e estável estimula o crescimento económico. Uma inflação elevada leva a uma perda significativa do poder de compra, isto é, com o mesmo dinheiro passa a comprar menos do que antes.

Este cenário pode ainda ser mais grave se os preços subirem sem controlo. Um dos piores casos de inflação ocorreu na Alemanha, depois da I Guerra Mundial. Entre 1921 e 1924, quando a moeda alemã perdeu quase 100% do seu valor e por isso um simples pão custava milhões de marcos alemães.

 

Efeitos no consumo e no custo de vida (poder de compra)

A inflação pode roubar poder de compra à sua poupança se estas não estiverem aplicadas, como acontece no caso de ter o seu dinheiro numa conta é ordem, que não lhe paga juros, e por isso equivale a guardar o dinheiro em casa.

Assim, cada euro que tem poupado vai valer menos por causa da inflação.

Por exemplo, se estiver a poupar para uma viagem que hoje custa 1.200 euros, supondo uma taxa de inflação anual de 5%, daqui a 2 anos a mesma viagem irá custar 1.320 euros.

 

Qual o impacto nos nossos investimentos?

A variação dos preços é bastante importante não só para avaliar o poder de compra das famílias, como também para medir o ganho real dos investimentos.

É importante garantir que com os seus investimentos não irá perder poder de compra. Desta forma, sempre que decidir colocar o dinheiro a render procure saber a taxa de inflação e se esse produto lhe oferece uma taxa superior.

 

Em que produtos investir se proteger da inflação?

 

Obrigações indexadas à inflação: oferecem uma taxa de juro igual à inflação, à qual acresce uma parte fixa, o “juro real”. Pode investir diretamente nestas obrigações ou subscrever unidades de participação de fundos de obrigações indexadas à inflação.

 

Certificados de Aforro e Certificados do Tesouro: têm capital garantido e as suas taxas acompanham a inflação.

 

Aproveite taxas promocionais de depósitos a prazo – mas só se a taxa de juro for superior à taxa de inflação.

 

Fundos PPR, Fundos de Investimento ou ETF: são produtos com maior rentabilidade, normalmente bastante acima da inflação, mas atenção não têm capital garantido, o que é seguramente um risco que tem de ponderar se vale a pena correr.

Mas aplique o seu dinheiro, dinheiro parado na conta à ordem só estará a ser “comido” pela inflação. Dinheiro que seguramente lhe custou a ganhar.

 

TIPOS DE INFLAÇÃO

Existem diferentes tipologias de inflação caracterizadas pela sua intensidade. Geralmente considera-se que existe inflação quando os preços sobem acima de 2%.

 

Inflação Deslizante

A inflação deslizante é sinónimo de inflação moderada. Tem assim como consequência um aumento lento dos preços, que sobem por volta dos 3%.

 

Inflação Galopante

A inflação galopante é aquela que denomina uma situação onde a moeda perde valor e que as taxas de aumento ultrapassam os 10%.

 

Hiperinflação

A hiperinflação designa casos extremos onde o aumento dos preços ultrapassa os 50%.

Fonte: e-konomista.pt, 23/11/2021