A pandemia da COVID-19 tem afetado não só a saúde como a economia em geral. Algumas dicas para pequenos negócios.
Mal a economia portuguesa começava a dar sinais de recuperação da crise anterior, eis que surge uma nova. A pandemia da COVID-19 tornou-se rapidamente não só numa crise de saúde pública, como também económica. Tem afetado milhares de empresas e muitas foram até obrigadas a fechar portas. Em Portugal, este contexto tem sido especialmente desafiante para as micro, pequenas e médias empresas devido às suas estruturas mais frágeis e à dificuldade de acesso a financiamento. Que medidas e ações podem as PME adotar para resistir a esta tempestade económica? Reunimos, neste artigo, algumas dicas para sobreviver à crise.
Como pode o pequeno comércio sobreviver à crise?
Seja pela obrigatoriedade de fechar lojas e serviços, ou pela limitação da liberdade de deslocação das pessoas, o conjunto de medidas para conter a pandemia tem tido sérias repercussões um pouco por todos os setores de negócio. Alguns, como o turismo, cultura, recreação e restauração, foram especialmente atingidos. O que fazer para tentar sobreviver a esta crise? A resposta está na capacidade de adaptação. Veja como, nas dicas que lhe apresentamos a seguir.
Avalie os custos
O primeiro passo, a avaliação, é válido para diferentes situações, mas nunca é demais reforçar. O empresário precisa de conhecer ao pormenor os custos da sua empresa, definindo os essenciais e aqueles que pode dispensar e, mesmo assim, manter o negócio em funcionamento. Havendo uma quebra da faturação, é imprescindível começar por aqui. Antecipe as necessidades de tesouraria a fim de conseguir negociar atempadamente as melhores condições possíveis e evite o recurso ao crédito. Além disso, ao manter uma estrutura leve e flexível, com menos encargos fixos, mais facilmente conseguirá sobreviver nos momentos de desaceleração económica.
Ajuste a produção
Depois da análise da situação atual da empresa, há alguns ajustes que precisam de ser feitos a fim de sobreviver à crise. O primeiro prende-se com a produção. Se existe menos procura de um produto, então o ideal é reduzir a produção do mesmo. Isto irá permitir poupanças tanto nos custos relacionados com a matéria-prima como também nos demais passos da cadeia produtiva. Além do mais, evita que tenha artigos acumulados, por escoar, muitas vezes com prazos de validade.
Por outro lado, ajustar a produção pode também significar mudar a oferta. Por exemplo, muitas empresas do setor têxtil, reinventaram-se e começaram a produzir máscaras e outros materiais de proteção, como forma de reutilizar os materiais e os equipamentos que já possuíam. Conseguiram assim manter postos de trabalho e responder a uma necessidade emergente.
Negoceie contratos com fornecedores
Havendo uma quebra na faturação, automaticamente terá que negociar com os fornecedores não só prazos, como também condições e preços. Esses mesmos fornecedores, naturalmente, também estarão a lidar com dificuldades e, portanto, será igualmente importante para eles manter a relação comercial. Esta negociação é de extrema importância uma vez que lhe dará algum fôlego necessário para manter em dia as contas que tem mesmo que pagar, como os salários, por exemplo.
A par disto, com a mudança de cenário, a folha de fornecedores poderá precisar de uma renovação e de uma adaptação para que faça sentido no novo contexto de mercado.
Invista nas redes sociais
O aumento do tempo passado em casa, levou a um aumento da utilização das redes sociais. Se o seu cliente passa o dia no Instagram, é lá que deverá estar também. Perceba qual das redes sociais os seus clientes e potenciais clientes mais frequentam e consolide a presença da sua empresa nesse meio. As redes sociais são gratuitas e de simples utilização, por isso, aproveite esta solução para manter o contacto com a sua rede. Aqui, pode divulgar a sua empresa, os seus produtos e serviços, prestar apoio ao cliente e até fazer vendas. Sem dúvida que esta é uma super dica para sobreviver à crise.
Tenha em mente que é nos tempos de crise que as relações com clientes e parceiros podem reforçar-se ainda mais. A comunicação eficaz faz toda a diferença e, as redes sociais, bem como outras ferramentas digitais como o email, permitem-lhe manter esse fluxo de partilha, apoio e confiança.
Vendas online e entregas em casa
A pandemia alterou os hábitos de consumo e os estudos indicam que o e-commerce e as entregas ao domicílio vieram para ficar. Se ainda não o fez, agora é a hora de criar uma loja online. Não precisa de um site muito elaborado; para começar, utilize mesmo as redes sociais. Anuncie os produtos disponíveis, os valores e os preços de entrega. Converse com os seus clientes, registe o pedido, envie o produto e, no final, faça o follow up dessa mesma encomenda. Perceba se o cliente ficou satisfeito, ou se há algo que pode vir a melhorar numa próxima oportunidade.
Eventualmente, quando as circunstâncias o permitirem, aí sim poderá investir numa plataforma especialmente dedicada às suas vendas. Mas tudo a seu tempo. Para já, mesmo que possua um pequeno negócio local, aposte no online para manter e, quem sabe, aumentar as vendas. Em termos de entregas, ofereça as duas opções: recolha num local ou entrega ao domicílio.
Esta dica para sobreviver à crise é válida não só para produtos físicos, como roupa, calçado ou alimentação. No on-line pode, ainda, vender serviços, tais como: aulas de línguas, treino acompanhado, aulas de dança, explicações, workshops de cozinha, entre tantos outros.
Promova a venda de vouchers para usufruir em datas futuras.
Por mais vantagens que existam nas vendas on-line, a verdade é que nem todas as áreas de negócio são compatíveis com este formato. Exemplo disso são as atividades turísticas, os cabeleireiros e a estética que dependem da presença física dos clientes. Para estas situações, uma dica passa pela venda de vouchers pré-pagos. Podem ser vendidos ao próprio, garantindo-lhe uma vaga mal a empresa recomece a atividade, ou como vale-presente. Aqui, poderá ser boa ideia oferecer algum tipo de desconto, ou benefício, estimulando o cliente a comprar antecipadamente o serviço.
Reinvente-se
A última dica é esta: aproveite as oportunidades e reinvente-se. Faça uma reflexão sobre as mudanças no mercado, os negócios que surgiram e os que, infelizmente, foram obrigados a encerrar. Foque-se nas necessidades do seu público e adapte a sua oferta, ou os seus métodos.
A digitalização já não é opcional, é uma obrigação. A digitalização é o elo de ligação entre esta crise atual e o desenvolvimento de novas oportunidades de negócio, por isso, capacite a sua empresa o quanto antes. Invista em formação, para si e para os seus colaboradores para melhorar competências e alcançar maior produtividade e eficiência. O teletrabalho, por exemplo, no início pode parecer um desafio, há alguns métodos que pode utilizar para gerir equipas neste regime e beneficiar de poupanças com o aluguer e manutenção de espaços de trabalho.
Outra forma de reinventar a empresa pode passar por criar parcerias. Poderá haver outros negócios que oferecem produtos ou serviços que, em conjunto com os seus, constituam uma oferta diferenciadora de tudo o que existe no mercado. Unindo produtos, esforços e comunicação, ambas as empresas poderão ampliar a divulgação, chegar a novos públicos e aumentar vendas. Tudo isto reduzindo custos, já que estes serão divididos pelas duas.
Fonte: doutorfinancas.pt, 24/2/2021