Já foram publicadas as novas tabelas de IRS. Que impacto terão na carteira dos portugueses em 2021? Será que as famílias vão receber mais dinheiro?
O novo ano 2021 traz novidades no que respeita aos rendimentos. O Orçamento do Estado (OE) de 2021 dita uma atualização das tabelas de IRS e uma redução da retenção na fonte. Mas que impacto é que estes ajustes terão nos bolsos dos portugueses? Fique a saber mais neste artigo.
Novas tabelas de IRS trazem mais dinheiro ao fim do mês
O principal argumento para este ajuste nas tabelas de IRS para 2021 é o aumento de liquidez para as famílias, “sobretudo as de classe média”, segundo o Governo. Ou seja, na prática, haverá um “alívio” em média de 2% da carga fiscal sobre os rendimentos. Os portugueses receberão por isso, mais dinheiro todos os meses. Entre 0,69€ e 7€, pelo menos para os escalões mais comuns.
O montante a partir do qual salários e pensões descontam IRS vai também ser atualizado para 686€ mensais. Isto significa um aumento de 27€ quando comparado com o limite de 2020.
Vejamos por exemplo o caso de um solteiro, trabalhador dependente:
- Sem dependentes e com salário de 685€, fica isento de pagar IRS. Em 2020, uma pessoa nestas circunstâncias, pagava 0,69 euros pela retenção na fonte.
- Com 1 dependente e um salário de 1.100€, pagará 10,8% de IRS (em vez de 11%) e encaixará mais 2,20€ por mês.
Já em cenários de casados, 2 titulares, trabalhadores dependentes:
- Sem dependentes e salários de 900€, pagarão 10,2% (ao invés de 10,4% em 2020), ficando assim mais 1,80€ na carteira todos os meses.
- No caso de existirem 2 dependentes e salários de 1.750€, pagarão 19,5% (em vez de 19,9%), o que permite uma margem extra de 7€ mensais.
Verifique, nas tabelas de IRS, qual a sua situação.
E pode consultar outras simulações publicadas pelo Governo, para perceber melhor o que vai acontecer aos seus rendimentos.
Mais dinheiro todos os meses, mas menos (ou nenhum) no acerto anual
Apesar da aparente “folga”, é importante ressalvar que no final do ano, o acerto do IRS (feito em 2022) irá refletir esta atualização das retenções na fonte. Ou seja: os contribuintes descontarão menos todos os meses, mas como os escalões de IRS não serão alterados, os reembolsos serão mais baixos. Ou até nulos.
Imaginemos o exemplo de um acordo com um restaurante onde almoça diariamente. Acorda com o responsável que, independentemente do valor do prato “avulso”, pagará 10€ por almoço e no final do mês acertam-se contas. Se o valor médio de cada refeição for de 7€, receberá o diferencial no final do mês, por parte do responsável do restaurante. Isto porque terá pago, em média, 3€ a mais todos os dias pelo seu almoço.
Mas, se acordar com o restaurante um valor de 6€ por almoço e o valor médio de cada refeição forem os mesmos 6€, então, no final do mês não terá de pagar mais nada, nem de receber.
Este exemplo serve para que se entenda melhor a dinâmica do acerto anual de IRS. Esta folga - ainda que não seja de montantes muito elevados - deve ser gerida com consciência. E é preciso ter consciência que o reembolso de IRS de 2022 será menor do que nos últimos anos, uma vez que o valor "retido" pelo Estado também é menor.
Fonte: doutorfinancas.pt, 3/12/2020