Conheça a realidade verificada atualmente em relação ao panorama dos salários em Portugal. Apresentamos os índices de crescimento e alguns exemplos.
Os salários em Portugal têm sido aumentados em alguns setores, fruto da emergência do nosso país e da situação de crise em que mergulhou nos últimos anos. O que significa a retoma económica para o bolso dos portugueses?
UM RETRATO ATUAL DO CONTEXTO DOS SALÁRIOS EM PORTUGAL
Embora se possa falar de “crescimento” e “retoma”, a média dos salários em Portugal apresenta um crescimento lento, com apenas 1% de crescimento médio no último ano. As razões apontadas para essa evolução ténue baseiam-se no facto de, em termos gerais, a economia portuguesa se continuar a centrar em atividades que revelam pouca produtividade.
O regime de subsídios de desemprego também apresenta culpas no cartório, ao tornar-se mais limitado, o que obriga a que se aceitem frequentemente salários precários.
SETORES QUE MOSTRAM CRESCIMENTO AO NÍVEL DOS NÚMEROS DO EMPREGO
Ainda assim, há que apontar os fatores positivos. O setor da construção é um dos que tem tido mais responsabilidade pela subida do emprego no nosso país, mas não é o único. O turismo e a indústria são os outros dois grande catalisadores da economia portuguesa atualmente.
MEDIDAS GOVERNAMENTAIS: QUE IMPACTO SOBRE OS SALÁRIOS EM PORTUGAL?
As recentes medidas do governo para aumentar o salário mínimo e repor rendimentos aos trabalhadores fizeram subir um pouco os salários em Portugal, embora de uma forma geral se possa falar em estagnação. Isto porque tendo em conta os mesmos dados verificados por parte de outros países da União Europeia, o crescimento dos salários em Portugal revela uma fraca ascensão.
As previsões apontam para que o aumento médio de salário em Portugal em 2018 se situe nos 1,5%, enquanto em 2019 deverá baixar para os 1,2%, o valor mais baixo dos últimos três anos.
O que nos mostra a leitura geral é que a recente melhoria na economia pode dever-se à prática de salários abaixo da média, com impacto na criação de novos empregos, e não ao real aumento da produtividade do nosso país.
VALORES SALARIAIS EM PORTUGAL SÃO METADE DA MÉDIA DOS SALÁRIOS NA UE
O salário médio bruto registado em Portugal em 2017 foi de 1 017 euros, enquanto o valor verificado em média na União Europeia foi de cerca de dois mil euros. Isto significa uma subida média do salário médio de 49 euros entre 2016 e 2018. O salário médio em Portugal era 50% da média salarial europeia em 2016, tendo aumentado para 50,85% em 2017. Por outras palavras, os portugueses ganham em média metade do que ganham os concidadãos da União Europeia.
O CONTEXTO EUROPEU
No contexto dos países da UE, a média dos os salários em Portugal foi a décima mais baixa em 2017 juntamente com a Estónia, Letónia e Lituânia, Polónia, Hungria ou a República Checa. A Lituânia, Roménia e Bulgária são os países da UE que se situam abaixo de Portugal no que diz respeito à média de salários praticada.
No topo da lista está a Dinamarca, com uma média de salário a situar-se nos 3 800 euros, quase o dobro da média europeia por si só. Apenas o Luxemburgo chega lá perto, com valores de salário médio a registar 2 700 dois mil e setecentos euros.
Mas há mais elementos a considerar nesta equação. Um deles está relacionado com o trabalho temporário. Em Portugal, o número de empregados a trabalhar em regime temporário não cresceu, e mais importante que isso, manteve-se estagnado, contrariamente aos empregos permanentes, que registaram um crescimento. Ou seja, o número de trabalhos precários manteve-se alto.
O PANORAMA DO EMPREGO EM PORTUGAL – ÁREA FINANCEIRA
Funções relacionadas com contabilidade, tesouraria ou direção financeira têm registado um aumento gradual a nível de salários, em Portugal. Um papel fundamental nesse aspeto foi desempenhado pelas PME’s (pequenas e médias empresas) e algumas multinacionais, que se conseguiram reestruturar depois da crise, tendo restaurado a sua capacidade de contratação e retenção de talentos. A título de exemplo, um gestor de projeto em Lisboa poderá auferir valores entre os 1 700 euros e 3 500.
O PANORAMA DO EMPREGO EM PORTUGAL – ÁREA JURÍDICA
Atualmente os advogados recentemente graduados ou com experiência inferior à dos séniores (até cinco/seis anos), têm sido mais requisitados no setor. Além da valorização da formação académica em universidades de prestígio e do percurso profissional, dá-se cada vez mais importância a fatores como o perfil pessoal da pessoa, que se exige munida de uma boa capacidade comercial. Ou seja, exige-se que o advogado apresente um equilíbrio perfeito entre competências técnicas e competências pessoais de negociação, vendas e diplomacia.
No topo desta área de empregabilidade, a título de exemplo, um diretor jurídico de uma empresa de média ou grande dimensão em Lisboa poderá auferir até 45 mil euros anuais (cerca de 3 700 euros mensais)
O PANORAMA DO EMPREGO EM PORTUGAL – GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
Nos últimos 5 anos, em Portugal, esta área tem sido alvo de expansão e profissionalização. Um diretor de recursos humanos poderá auferir até 4 500 euros por mês, em Lisboa e no Porto.
O PANORAMA DO EMPREGO EM PORTUGAL – TI
Outra área laboral que tem mantido um dinamismo forte a nível de empregabilidade é a área das TI. Nesta área há a reter duas características sintomáticas: os salários em algumas destes empregos têm aumentado na proporção da procura no mercado, ou seja, quantos menos profissionais disponíveis maiores os vencimentos. Por outro lado, é uma das áreas com maior desfasamento salarial entre Lisboa e Porto, embora se esteja atualmente a registar um crescimento do setor na cidade invicta, devido a um forte investimento de empresas tecnológicas no norte.
Um diretor de sistemas de informação poderá auferir entre 37 mil e 100 mil euros de remuneração base anual bruta.
O PANORAMA DO EMPREGO EM PORTUGAL – MARKETING
Este setor tem sofrido várias mutações ao longo dos últimos anos, com uma evolução das funções inerentes a estas profissões. Regista-se no entanto um ligeiro aumento no número de oportunidades. As funções mais tradicionais de um marketeer ou assistente de vendas tem verificado algum declínio, com a ascensão do marketing digital.
Um coordenador de marketing digital poderá auferir entre vinte e quatro mil e cinquenta mil euros, no contexto global de Lisboa e Porto. Por outro lado, um diretor comercial generalista poderá auferir entre quarenta e dois e setenta mil euros anuais brutos.
Fonte: e-konomista.pt, 6/11/2018