associação comercial e industrial de arcos de valdevez e ponte da barca

José Valério Amorim - Desimagem

in Associados

"em publicidade, quem determina a criação é o mercado, enquanto que em design é o autor"

 

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José Valério Amorim tem o seu atelier em Ponte da Barca, na área do design, e acumula também o cargo de Vice-Presidente da direção da ACIAB. O facto de estar localizado numa vila não é impeditivo do seu trabalho ser requisitado por clientes espalhados um pouco por toda a região norte. Sempre atualizado, a par das últimas tendências, descreve-se como “uma pessoa dinâmica e amante da vida” sendo através do design a forma mais pura que encontrou para comunicar.

 

Como começou a interessar-se pelo design?

Desde muito cedo que tenho um fascínio pelas artes. Como inicialmente me centrei no campo artístico e porque na altura era a tendência, enveredei pelo Design de Moda, foi por essa altura que apareceu a vaga de estilistas que agora estão a dar nas vista, como é o caso de Nuno Gama, Anabela Baldaque, Miguel Vieira, José António Tenente e Luís Buchinho, entre outros, alguns deles formaram-se na minha escola, Escola de Moda Gudi, que era na altura de referência. Antes de optar por este curso a minha grande preferência era a de realizador cinematográfico mas acabei por colocá-la de parte porque infelizmente no nosso país não há grande futuro.

 

O que é para si o "Design"?

O design é uma obra intelectual do domínio artístico que pode ser materializado através de planos, desenhos, suportes computadorizados, maquetas, protótipos ou outros suportes, os quais, tal como a obra em si, são igualmente protegidos. Em publicidade, quem determina a criação é o mercado, enquanto que em design é o autor.

 

De que forma procura e trabalha a inspiração para o seu trabalho?

A criatividade é vista por alguns como uma habilidade inata, no entanto, acho que é necessário, também, muito trabalho e há muitas formas de trabalhar a criatividade. Eu tento através da minha experiência, de informação documental e atualização das tendências realizar o trabalho da melhor forma e claro que grande parte desse trabalho passa pela criatividade, pela inspiração.

 

Qual o projeto que desenvolveu até hoje de que mais se orgulha?

Orgulho-me de quase tudo que executei até então mas dou principal relevo ao período que passei a exercer a minha profissão no Porto, foi uma fase inesquecível, tanto ao nível profissional como ao nível de ambiente de trabalho.

 

Quer deixar alguma mensagem para os sócios da ACIAB neste período mais instável que a economia está a passar?

Penso que o nosso associado terá que dar maior relevo à divulgação do seu estabelecimento ao consumidor local, terá forçosa e estrategicamente que o captar.

Interrogar-se porque é que o cliente irá contratar os seus serviços ou escolher o seu produto e não os da concorrência (o seu maior concorrente são as grandes superfícies), conhecer a sua vantagem diferencial. Todo o comerciante tem ao menos uma, mesmo que não a conheça ou a comunique explicitamente. Conhecê-la é uma prioridade para qualquer empresário. Porque é que alguns comerciantes conseguem manter os seus clientes? Porque os agradam. As pessoas preferem estabelecimentos que as agradem e nos quais elas podem confiar. Quanto à formação, também penso que é um fator indispensável para qualquer profissional que se queira manter atualizado e a ACIAB tem ao dispor dos empresários toda a formação que é do seu interesse.

 

O que gostaria que fosse diferente no sistema português para as empresas?

É quase uma utopia o que penso que se deveria fazer.

O sistema atual não favorece o pequeno comerciante, isto é, o pequeno comerciante adquire o seu produto para revenda a valores bastante mais elevados em relação aos das grandes superfícies, e não estão em pé de igualdade com as mesmas. Para equilibrar a balança tendenciosa, o Estado deveria contribuir temporariamente com uma percentagem do salário e reduzir as despesas fiscais de um empregado de uma pequena ou média empresa com indícios de crise. Deveria apoiar as associações comerciais que estão a par da problemática das empresas para estas assim adquirirem pessoal mais capacitado que apoiassem e se dedicassem a estudar melhores as soluções para estas situações. A empresa que por motivos de insuficiência monetária necessitasse de desempregar um cliente mesmo necessitando dos seus serviços, o Estado tomaria a responsabilidade mantendo-o na mesma empresa pagando o salário mínimo ou pouco menos que o seu salário até a empresa recuperar da situação. Assim, evitava-se que o empregado passe a ser mais uma despesa direta para o Estado e a empresa fique desfalcada de mão-de-obra. A empresa em causa seria rigorosamente acompanhada até à sua recuperação.

 

 

Entrevista realizada em dezembro de 2009