"os clientes preferem o Talho Arcuense pela qualidade dos produtos e pela simpatia"

O Talho Arcuense abriu nos anos 50 fazendo já parte do quotidiano da população de Arcos de Valdevez. Estivemos à conversa com o seu proprietário, Amândio do Lago, que desde tenra idade está ligado ao ramo das carnes e que vê na atividade de talhante não apenas uma profissão mas acima de tudo uma arte.

Há quanto tempo se dedica a esta profissão?

Comecei a trabalhar num talho da vila de Arcos de Valdevez aos 12 anos e estive lá empregado durante catorze anos. Trabalhei quatro anos em que não ganhava nada, só a comida. Antes também trabalhei no matadouro a matar animais. Depois resolvi abrir um talho por minha conta, quando comecei tive dificuldade mas depois o negócio correu muito bem e hoje tenho o prazer de dizer que fui o maior comerciante de carnes aqui do Alto Minho, chegando a abater tantos animais como os de Monção e Ponte da Barca juntos.

Porquê a aposta neste tipo de negócio?

Naquele tempo não havia o hábito de estudar durante muito tempo, começava-se muito cedo a trabalhar, como eu sempre estive ligado ao ramo das carnes, a opção era clara.

Acha que os clientes ao longo do tempo têm vindo a consumir mais ou menos carne? A crise influencia a procura?

Ultimamente sim. Quando mudei de um talho para outro, a procura nessa altura subiu muito uma vez que até ali só se vendia carne ao fim-de-semana e às quartas-feiras e como na altura só havia quatro talhos a concorrência não era muita. Atualmente há um certo ressentimento na procura de carne devido à crise.

Há quem chame arte à ação de desmanchar carne. Concorda? Há de facto uma técnica ou um segredo para desmanchar bem um animal?

É sem dúvida uma arte e muito difícil de aprender. Eu fui professor dessa arte, das minhas mãos saíram cerca de vinte alunos e todos trabalharam comigo. Qualquer pessoa pode estar a vender carne mas a desmanchar é mais difícil, no que diz respeito a fazer bem o trabalho.

O que leva os clientes a preferirem comprar neste talho?

Os clientes preferem o Talho Arcuense pela qualidade dos produtos e pela simpatia. Aqui procuramos servir sempre o melhor ao cliente e escolher sempre as melhores carnes para vender.

Na sua opinião o que podia ser feito para valorizar o comércio tradicional?

Para valorizar o comércio deveria apostar-se em fazer mais lugares de estacionamento no centro urbano pois se queremos competir com as grandes superfícies, esse é um ponto-chave. Se o centro urbano fizesse isso talvez ganhasse mais clientes.

Há quanto tempo é sócio da ACIAB?

Há cinquenta e quatro anos, desde que me estabeleci, pagava ainda na altura 25 tostões.

Entrevista realizada em abril de 2009