"...o comércio de rua para mim é muito gratificante porque propicia mais o contacto entre as pessoas..."

Alice Cacho Cerqueira é natural de Arcos de Valdevez mas escolheu abrir a sua primeira loja na vila vizinha, Ponte da Barca, já lá vão 14 anos. É licenciada em Filosofia pela Faculdade de Letras do Porto (1986) e chegou a lecionar durante cinco anos. A paixão pela ourivesaria e joalharia levaram-na a mudar de ramo fundando em 1994 a Jóibarca.

Há quanto tempo existe a Jóibarca Perfumaria? E a Ourivesaria?

A Jóibarca Ourivesaria existe há 14 anos e a Perfumaria há sensivelmente 5 anos.

Como nasceu este negócio?

Nasceu porque gosto destas duas áreas e na altura tinha de ter uma atividade. Embora seja licenciada em Filosofia, já na altura estava difícil, como está atualmente, e então optei pela ourivesaria. Antes também tive uma loja de artesanato que mantive durante três anos e depois dediquei-me a este ramo. Aqui convive-se fala-se muito com os clientes. Quando se faz aquilo que se gosta não custa.

Localizadas no centro da vila de Ponte da Barca, considera que é um fator vantajoso?

Tem muita influência no negócio, Ponte da Barca tem outras ruas mas elas acabam por vir dar todas aqui, por isso é uma mais-valia para todo o comércio de rua estar no centro urbano.

E depois o comércio de rua para mim é muito gratificante porque propicia mais o contacto entre as pessoas, nas grandes superfícies as relações pessoais são mais frias, e estamos constantemente debaixo de luzes que nos cansam. O nosso clima é temperado e possibilita fazer compras ao ar livre com muita comodidade, tendo esse fator a nosso favor é muito melhor ter uma loja de comércio tradicional.

Há quanto tempo é associada da ACIAB?

Há 14 anos, desde que comecei a exercer este neste negócio.

Por que motivos se associou?

Porque acho que devemos ter alguém que nos defenda e para isso temos de ser vários, porque uma pessoa sozinha não chega a lado nenhum. A Associação faz falta, mas devia ter mais associados para ter mais força e ajudar a dinamizar mais. As pessoas no nosso meio ainda não estão mentalizadas de que a Associação faz falta, as pessoas são muito individualistas. Somos duas vilas tão próximas que nos devíamos unir ainda mais e evitar este clima de rivalidade que muitas vezes se sente.

Qual é o cliente-tipo da Jóibarca?

É o jovem que procura a marca, os últimos produtos que saíram e que estão a ser publicitados, sabem muito bem aquilo que querem. Este público aprecia a novidade e os produtos diferentes. Na ourivesaria é desde o jovem ao menos jovem, senhoras mais tradicionalistas que gostam muito da nossa atenção, da nossa opinião, e que já estão familiarizados com a nossa casa. Os jovens atualmente apostam muito em pratas e relógios, são eles que nos fazem evoluir, tentamos sempre ir de encontro ao tipo de produtos que eles procuram.

Acha que os homens hoje em dia usam cada vez mais cosméticos e produtos de beleza?

Os homens já estão a mudar um pouco, já há muitos que se cuidam, usam creme, e há uma tendência para procurar produtos direcionados para eles. Já temos uma gama voltada para o homem, ainda pouco mas com tendência a aumentar no futuro. Os homens agora estão mais preocupados com a aparência, sem dúvida. Tenho muitos clientes homens mas, apesar de tudo, ainda compram mais para elas do que propriamente para eles.

Nesta altura do Natal o volume de vendas é maior?

Aumenta consideravelmente embora a crise se tenha sentido muito, em todos os setores.

Expectativas para o futuro.

Acho quer o futuro deve ser encarado com otimismo, criou-se a moda do “está mau, é só crise”, mas penso que nos devemos concentrar-nos no presente e não começar já a chorar com medo do futuro porque as coisas vão melhorar.

Entrevista realizada em dezembro de 2008