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Poupado ou gastador? Saiba como é visto pelo seu banco

in Notícias Gerais
Criado em 15 setembro 2022

A forma como gasta ou poupa diz muito de si ao seu banco.

Conheça o seu perfil bancário e saiba que implicações pode ter.

Sabe como é que o seu banco o vê? As suas poupanças, dívidas e comportamento de consumo podem ajudar ou dificultar a obtenção de um empréstimo, por exemplo.

A análise de risco feita pelas instituições financeiras é fundamental para que lhe possa ser concedido um crédito para, por exemplo, comprar uma casa ou um automóvel. Por isso, é importante saber como se processa e o que pode fazer para ter um perfil adequado aos seus objetivos financeiros.

 

O que é o risco de crédito e como se mede?

Se vai pedir um empréstimo ou até um cartão de crédito, certifique-se que não teve problemas bancários, que não tem dívidas avultadas em cartões e que a sua situação profissional é estável. É que, sobretudo no caso dos créditos, é feita uma avaliação de risco, que pode ditar uma resposta negativa ao seu pedido.

O risco de crédito é inerente a qualquer empréstimo. Para o banco, existe sempre a possibilidade da outra parte não cumprir com as suas obrigações no futuro. O objetivo da análise de risco de crédito é tentar mitigar esse risco.

A análise é levada a cabo aplicando uma série de técnicas que avaliam os clientes bancários. Estes modelos de avaliação de risco de crédito aplicam-se tanto a clientes particulares como a empresas ou até a países.

 

Tome Nota:

Já ouviu falar em rating? Este é um modelo utilizado para avaliar clientes empresariais, ENI (empresários em nome individual) e países que emitem dívida. A avaliação é feita por agências de rating que atribuem uma classificação do risco de crédito de uma instituição ou da sua dívida (que geralmente vai da categoria Lixo ao AAA) com base na sua solidez financeira.

 

Credit scoring e lista negra do Banco de Portugal: será que passa nestes testes?

No caso dos particulares, e como fazem referência suportes da especialidade como a Forbes Advisor, podem ser tidos em conta os chamados 5C (caráter, capacidade, capital, colateral e condições). O carácter está relacionado com a intenção de o cliente pagar a dívida e a capacidade com o facto de conseguir obter meios para a liquidar. O capital diz respeito à situação financeira do cliente, documentada pelos seus extratos bancários, declarações de rendimentos, recibos de vencimento e outros documentos que tem de apresentar.

O colateral refere-se à disponibilidade de bens móveis, imóveis e financeiros. Isto é, as garantias dadas pelos clientes em troca da concessão de crédito. Por fim, as condições estão associadas a fatores cujo controlo já não depende do cliente ou do banco, como o contexto económico.

Outra ferramenta de análise de risco de crédito usada é o modelo de credit scoring, que identifica e determina certos elementos-chave que podem afetar ou influenciar o incumprimento dos clientes. Com base nestes elementos, os clientes recebem determinada pontuação, sendo que uma má classificação pode implicar a recusa ao pedido de crédito.

A avaliação do risco de crédito tem em conta o histórico. Isto é, a análise do comportamento e da relação anterior do cliente com as instituições de crédito. As instituições financeiras verificam se o cliente está na chamada lista negra do Banco de Portugal. Esta Central de Responsabilidades de Crédito (CRC), como é de facto designada, visa uma base de dados com informação sobre os créditos contraídos, em situação regular ou em incumprimento.

 

Qual é o meu perfil bancário?

Embora não existam perfis definidos, até porque cada caso é um caso, há comportamentos e situações financeiras mais favoráveis, que podem facilitar o processo de concessão de um crédito. Outros aumentam o risco e, por isso, podem dificultar o acesso a empréstimos bancários.

Vejamos alguns exemplos de como a sua relação com o dinheiro pode influenciar a reputação que tem junto do seu banco.

 

Poupado e equilibrado

Se não gasta tudo o que ganha e tem feito uma poupança regular ao longo dos anos de modo a poder, por exemplo, pagar 20% do valor do imóvel que quer comprar, então insere-se neste grupo.

As recentes alterações ao crédito habitação que ditaram uma redução nos prazos de reembolso e no valor que o banco pode emprestar (no máximo, 90% do valor do imóvel) valorizaram ainda mais este tipo de cliente que tem capitais próprios e por isso, não precisa de financiamento total.

Se, além de poupanças, tiver um emprego estável e uma taxa de esforço baixa, será mais fácil obter uma resposta positiva ao seu pedido de crédito.

 

O QUE É A TAXA DE ESFORÇO?

A taxa de esforço corresponde à percentagem dos seus rendimentos usada para pagar todas as despesas. Quanto mais baixa a taxa de esforço, mais fácil será pagar o crédito e, por isso, mais hipóteses terá de receber uma resposta positiva ao seu pedido de empréstimo.

 

Para calcular use a seguinte fórmula:

Taxa de esforço = Encargos financeiros mensais / Rendimento mensal x 100
As contas mais importantes para a sua vida financeira, quer seja para poupar, investir ou contrair crédito, estão explicadas de forma simples neste Guia de cálculos financeiros.

 

Gastador e desorganizado

É o tipo de pessoa que não só não consegue poupar, como ainda tem de recorrer ao crédito (empréstimos e cartões) para conseguir fazer face às suas despesas. No limite, pode recorrer ao crédito para ajudar a pagar dívidas – desde logo um sinal de que a vida financeira não está equilibrada.

As taxas de esforço são elevadas, já que grande parte do rendimento é usada para pagar prestações. A instabilidade a nível financeiro faz com que seja difícil lidar com situações inesperadas, como o desemprego ou uma doença. Nessas situações, vai facilmente entrar em incumprimento.

Muitas vezes, aos gastos excessivos junta-se a desorganização financeira, já que esta pessoa não sabe quanto dinheiro entra ou sai da conta ou qual o montante de despesas e de rendimentos mensais.

Nesta situação, a obtenção de crédito é bastante difícil, sobretudo se não existirem garantias, como um imóvel ou um fiador.

 

Incumpridor inveterado

Dívidas de cartão de crédito, cheques sem provisão e prestações de créditos em atraso traçam um quadro nada agradável para as instituições financeiras.

Uma simples consulta à Central de Responsabilidades de Crédito (CRC) do Banco de Portugal será suficiente para que os bancos percebam que este é um cliente com risco de crédito muito elevado. Por isso, a probabilidade de obter novos créditos é extremamente baixa ou até nula.

 

7 dicas para ter boa reputação no seu banco

Se quer aumentar as probabilidades de conseguir financiamento para comprar casa ou para criar um negócio, é importante ter um "bom comportamento” a nível financeiro. Veja como pode melhorar o seu perfil bancário:

  1. A verdade e nada mais do que a verdade: ao solicitar um crédito, não omita informações nem falsei a sua situação financeira. Faculte toda a documentação solicitada, sem protelar ou procurar desculpas.
  2. Clareza nos objetivos: explique as motivações que levaram ao pedido de financiamento e as expectativas quanto ao reembolso. Por exemplo, prefere um prazo mais longo? Teme a subida das taxas de juro e sentir-se-ia mais confortável com uma taxa fixa? É importante explicar isso ao banco.
  3. Expectativas realistas: se tem um ordenado médio, não conseguirá empréstimo para comprar uma casa de luxo. O valor do crédito deve ter em conta os seus rendimentos e a sua situação financeira, não os seus sonhos. 
  4. Mantenha hábitos de poupança: Ter um depósito a prazo, um PPR ou reservar todos os meses uma parte do seu rendimento para abrir uma conta poupança são bons indicadores para o banco. Invista em hábitos de poupança.
  5. Estabilidade e ambição: um emprego estável é sempre um aspeto positivo. Mas se, além de ter estabilidade profissional, continuar a estudar ou tiver outra fonte de rendimento (que pode ser um part-time), vai reforçar certamente a sua reputação, demonstrando que procura melhorar o seu nível de vida.
  6. Créditos sim, mas com moderação: se já tem um crédito e conseguir saldá-lo, tanto melhor. Desta maneira, evita acumular prestações. Se costuma pedir créditos para tudo (desde férias a eletrodomésticos), será mais difícil obter empréstimos adicionais.
  7. Ter o nome limpo: anteriores situações de incumprimento vão dificultar a obtenção de crédito. Para garantir que não existem dívidas esquecidas, pode pedir o seu mapa de responsabilidades de crédito ao Banco de Portugal,seguindo as instruções desta página do Banco de Portugal.

Fonte: cgd.pt/Site/Saldo-Positivo, 1389/2022