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PIB: Que importância tem o Produto Interno Bruto no nosso dia a dia?

in Notícias Gerais
Criado em 18 julho 2022

O PIB tem impacto na inflação, na subida das taxas de juro, mas estende-se ainda à prestação da casa e às nossas poupanças.

Em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) português foi de 211 mil milhões de euros, registando um crescimento de 4,9% face ao ano anterior, o maior crescimento desde 1990Mas que peso e importância tem este valor para cada um de nós?

A resposta pode resumir-se a uma única palavra: tudo. Os impactos do PIB no nosso dia a dia são significativos e vão desde o valor da prestação da casa ao rendimento dos nossos investimentos e poupanças.

 

O que é o PIB?

PIB (Produto Interno Bruto) traduz a riqueza de uma economia. É um indicador que resulta da soma de todos os bens e serviços produzidos dentro de um país por particulares e empresas, residentes ou não nesse país. Ou seja, não interessa a nacionalidade ou a residência de quem produz, importa apenas que a riqueza tenha sido gerada dentro de Portugal.

 

PIB é diferente de PNB (ou RNB)

Tanto o PIB, como o PNB (Produto Nacional Bruto) também chamado de RNB (Rendimento Nacional Bruto) são indicadores económicos de um país. Mas, no entanto, são distintos.

Assim, o RNB português é o valor dos bens e serviços produzidos em Portugal e no estrangeiro, por particulares ou empresas residentes em Portugal.

Ou seja, o RNB mede a riqueza produzida (em Portugal e no estrangeiro) por residentes em Portugal e o PIB a mede a riqueza produzida em Portugal sendo esta a mais importante para o desenvolvimento da economia.

Vejamos um exemplo. A empresa X, é uma multinacional que fez investimentos numa fábrica em Portugal. Os rendimentos obtidos nessa fábrica são contabilizados no cálculo do PIB, mas não do rendimento nacional. Já a empresa Y é portuguesa, mas investiu numa fábrica na Polónia. Os rendimentos que obteve na Polónia, são registados no RNB, mas não no PIB.

 

Como se calcula o PIB?

Existem várias forma de calcular o PIB, nomeadamente a:

  • Pela oferta ou produção – o PIB é obtido pela soma da produção dos diferentes ramos de atividade, valorizada a preços de base, deduzida do consumo intermédio necessário para a obter, acrescido dos impostos líquidos de subsídios sobre os produtos
  • Pela procura ou despesa – o PIB obtém-se pela soma do consumo privado (a soma das despesas de consumo final das famílias residentes e das instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias), do consumo publico (ou seja, pelos gastos da administração pública), do investimento e das exportações líquidas de importações
  • Pelo rendimento – o PIB obtém-se pela soma das remunerações dos empregados, dos impostos sobre a produção e importação líquidos de subsídios e do excedente bruto de exploração.

Qualquer que seja o método utilizado, o valor será sempre idêntico. O método mais usual e mais fácil é o da procura ou despesa. O PIB seria então calculado pela seguinte fórmula:

PIB= C + P + I + (EXP-IMP)

Onde:

  • C= consumo privado. Contabiliza todos os bens e serviços adquiridos pelo cliente final. Note que quando este sobe significa que existe confiança na economia, quando existe incerteza quanto ao futuro este valor desce.
  • P = Consumo público. Engloba todas as despesas feitas pelo Estado em bens e serviços, como a educação, transportes, saúde.
  • I = investimento. Engloba todos os investimentos feitos que se traduzem em benefícios futuros. Engloba investimentos em máquinas, equipamentos, fabricas.
  • EXP – IMP = balança comercial. Engloba todas as vendas de bens e serviços produzidos em Portugal e que são vendidos para o estrangeiro, deduzidos das compras de produtos produzidos no estrangeiro. O valor será positivo, ou seja, a balança comercial será positiva, se as exportações forem superiores às exportações. No caso inverso será deficitária.

 

PIB e a economia paralela

Olhando para a fórmula, pode considerar que o PIB não abrange toda a atividade económica. Isto porque para além da economia real existe a economia paralela. Já que existem agentes económicos que não reportam a sua atividade (ou apenas o fazem parcialmente), seja porque motivo for, nomeadamente, por motivos fiscais.

 

No entanto, essas atividades insuficientemente reportadas, conhecidas como "Economia Não Observada" (ENO), também estão incluídas no PIB, pois no seu cálculo não são só considerados os dados reportados oficialmente, mas também outros ajustes por forma a incluir a economia informal ou até mesmo ilegal, como o tráfego de drogas, e evasão fiscal.

 

Importância do PIB per capita

O PIB é um número global, mas não mede a qualidade de vida de um país.

 

Para medir o desenvolvimento de um país usa-se o PIB per capita. Ou seja, o valor do PIB dividido pelo número de habitantes deste país. Em Portugal, o PIB per capita em 2021 foi de 20.530€, registando uma subida de 5,7% face a 2020, mas mesmo assim sendo o sétimo pior da União Europeia.

 

O PIB e o nosso dia a dia

O aumento do PIB traz uma melhoria da nossa economia e, com isso, mudanças no nosso dia a dia.

 

Inflação

O desenvolvimento da economia leva a um aumento do consumo privado. O que por sua vez leva a um aumento da economia. Ou seja, é um círculo, mas que pode levar a um aumento da inflação.

 

Com a economia a crescer os rendimentos das famílias aumentam levando a um aumento dos seus gastos. Isto é, a um aumento da procura. Esse aumento da procura leva a um aumento da produção. Se as duas forças crescerem em paralelo tudo se mantém em crescimento estável, mas se a procura for superior à oferta ocorrerá um aumento de preço, ou seja, registaremos inflação.

 

Com o aumento generalizado da inflação, as famílias tendem a reduzir gastos (consumo baixa), a economia tende a abrandar e o PIB a baixar.

 

Taxas de juro

Se ocorrer inflação as taxas de juro tendem a aumentar, como forma de conter as pressões inflacionistas. E com isso, para os particulares, os créditos ficam mais caros, nomeadamente a prestação da casa.

 

Investimentos

Quando a economia está a crescer, esta fase é vista, pelas empresas, como a altura de apostar e investir. Assim, enquanto não existem pressões inflacionistas, o investimento tende a subir.

 

Aplicações financeiras

Um aumento do PIB pode levar a aumento da rentabilidade das suas poupanças. Para tal, basta que as taxas de retorno estejam indexadas a este indicador económico.

 

Por exemplo, a taxa de juro dos Certificados do Tesouro Poupança Valor (produto de poupança do Estado destinado a particulares) está a partir do 3.º ano indexada ao crescimento do PIB.

 

De facto, no 3.º ano e seguintes, ao valor da taxa de juro fixada, acresce um prémio correspondente a 20% do crescimento médio real do PIB a preços de mercado nos últimos quatro trimestres anteriores, desde que o crescimento médio real do PIB positivo sendo limitado a um máximo de 1,50% em cada ano.

Fonte: doutorfinancas.pt, 18/7/2022