É comum usarmos a expressão comercio tradicional, ou comércio de proximidade, ou comércio de bairro, ou comércio local.
Terminologias que se enquadram na definição do nosso comércio onde cada cliente vê personalizada a venda, no qual há tempo para conhecer o cliente, comércios que estão próximos das residências, onde prevalece a familiaridade e muitas vezes história. Este é o comercio que impulsiona a vida, a dinâmica dos centros das nossas vilas e cidades, tem, pois, um fator de grande relevo económico social nos municípios.
O comércio é um centro de cultura da comunidade, mantém ativa a vida dos centros, evita a desertificação urbana, impulsiona a circulação de pessoas, o que é também um fator de convivência social, um fator lúdico, o que impõe que seja sempre objeto de um planeamento urbano onde a pertinência do comércio está presente.
A descriminação positiva do centro dos municípios impulsiona a revitalização urbana e, com ela podemos incrementar/ estimular o turismo, atrair indústrias culturais, promover o equilíbrio com as novas tecnologias e digitalizar as atividades económicas, culturais e sociais.
Nos dias de hoje o comércio enfrenta grandes desafios, urge, pois, inverter a tendência da perda de protagonismo do comércio dos centros dos municípios. Os centros devem ser vistos como verdadeiros centros comerciais a céu aberto e para tal, deve haver um esforço entre o publico e o privado disponibilizando recursos e ações para fomentar o aumento da competitividade, criar elementos de diferenciação claros que permitam aumentar os níveis qualitativos de oferta comercial e valorização dos produtos locais e nacionais.
A importância do comércio dos centros dos municípios tem tal dimensão e relevo que é comum, nos dias de hoje, vermos grandes cadeias comerciais a ansiar pela sua implementação nestes espaços e, por outro lado, a criar replicas dos centros urbanos, modificando os espaços comerciais fechados. As grandes cadeias perceberam a importância do comercio dos centros dos municípios nos dias de hoje, onde os hábitos de compra se estão a alterar fruto da adaptação económica e social ao contexto atual de pandemia. Impulsionam as suas campanhas publicitárias em fatores como a proximidade, a integração na vida do centro urbano, e a comercialização de produtos locais. É indubitavelmente uma reprodução do comércio de proximidade, de bairro tradicional o que manifesta que esta tipologia comercial é de facto merecedora de importância e é sem dúvida fator de sustentabilidade económico-social, um modelo de sucesso que já é alvo de replicas e apetência para integração no seu conceito original.
A evolução, a concorrência não foi nem é fator limitativo do comercio de centro urbano, bem pelo contrário são visíveis a evolução e a diferenciação pela qualidade. O comércio de proximidade, de bairro, tradicional deve ser sempre integrado no planeamento urbanístico com estacionamento compatível, sinalética, mobiliário urbano, animação, promoção. É este comércio que sustenta os centros dos municípios e aporta riqueza cultural, social e económica para os concelhos.
A dinâmica dos empresários dos estabelecimentos comerciais é uma realidade presente nos nossos centros urbanos. O processo de atualização, modernização tanto dos espaços físicos como dos conceitos de venda estão presentes nos nossos estabelecimentos comerciais. Atualmente a adesão por parte dos empresários a programas de apoio à modernização comercial demonstra esta mesma posição de dinâmica comercial, onde o investimento publico e privado impulsionam a modernização continua e dinâmica empresarial.
Francisco Peixoto Araújo
Vice-presidente Executivo da ACIAB