“...a formação que foi dada aos trabalhadores é, sem dúvida, um dos grandes benefícios do Programa QI...”
Manuel Barbosa é empresário no ramo da construção civil, e tem a sua empresa sedeada na freguesia de Padreiro. Homem de convicções bem definidas aponta a burocracia como um dos principais entraves ao desenvolvimento sustentável. Os sete anos que esteve em França, enquanto emigrante, fê-lo perceber melhor como se estabelecem as relações económicas e o papel que o conhecimento tem neste contexto.
Há quanto tempo tem a sua empresa? Como surgiu?
A minha empresa existe desde 13 de Fevereiro de 1989. Quando regressei de França, onde estive sete anos, tinha de começar a pensar numa atividade profissional. Hesitei em continuar na construção civil porque é um trabalho muito exigente, mas com o impulso de algumas pessoas conhecidas decidi retomar a atividade e as coisas começaram a correr bem, com alguns percalços normais, obviamente.
Neste momento quantas pessoas trabalham para si?
Diretamente 6 pessoas.
Foi uma das empresas que participou na primeira edição do QI_PME Norte. Que balanço faz?
O balanço é positivo. Os conhecimentos são sempre necessários, considero que nas micro e pequenas empresas as pessoas dedicam-se pouco, sabem pouco a nível burocrático, por exemplo, e esse campo é indispensável.
Para além disto, a formação que foi dada aos trabalhadores é, sem dúvida, um dos grandes benefícios do Programa QI, assim como a consultoria, pois há uma evolução a nível pessoal e profissional de toda a equipa de trabalho, ferramentas simples podem mudar o rumo das coias tornando-o ameaças em oportunidades.
Outra grande ajuda que o programa dá é ao nível das regras de segurança e higiene, pois são formalidades que têm de ser cumpridas e ajudou muito ter consultores especializados a auxiliarem esta parte.
Considera importante este tipo de programas que promovem o tecido empresarial, fomentados pela ACIAB?
Obviamente que sim, sobretudo para que as pessoas e os empresários tenham consciência do mercado atual, existe um conjunto de mecanismos que existem que podem ajudar as empresas a ser mais competitivas e inovadoras, e muitas da vezes só são conhecidos através de programas específicos, como o QI, dirigidos exclusivamente aos empresários.
Qual o seu mercado, que tipo de serviços presta?
Na área da construção civil tudo, e também fazemos algumas obras públicas.
Como vê o estado atual da sua área de negócio?
Péssima, por falta de incentivo e medo das pessoas, atravessa-se uma crise a nível mundial e mesmo aquelas pessoas que têm algum dinheiro têm medo de investir. No último ano, sobretudo, sentiu-se uma grande quebra, houve uma desaceleração dos serviços muito acentuada.
Quais foram os entraves para esse cenário?
A questão da procura e da oferta, a procura é muito menos, sem dúvida, logo o trabalho é muito menos. Em vez da burocracia diminuir só aumenta.
Podia-se mudar muitas coisas, a começar pelas leis a nível nacional e a nível regional, as formalidades, uma vez que quando decidimos fazer um pequeno trabalho gasta-se mais em burocracia do que com o trabalho em si, outra a questão é a dos impostos, como o IVA. E entre muitos outros que poderia enumerar, destaco ainda, a concorrência desleal, que é muita, pois algumas empresas não pagam os impostos devidos e trabalham como as outras que estão de acordo com a lei, ficando equiparadas em patamares iguais quando não estão.
Entrevista realizada em junho de 2010