“…o filme que produzimos é oxo-degradável, isto é, entre três a seis meses após a fabricação, quando apanha luz solar, começa a desfazer-se”
A Polipropigal foi instalada no Parque Empresarial de Mogueiras, em Arcos de Valdevez, no ano de 2007 e criou até ao momento 85 postos de trabalho. Dedica-se à fabricação de polipropileno bi-orientado (plástico), destinado essencialmente para alimentos, com recurso a equipamentos tecnologicamente avançados.
A Polipropigal produz diariamente 30 mil toneladas de polipropileno que é exportado para vários países. Falamos com José Fernández, diretor Geral da empresa, que nos levou a conhecer melhor a mais moderna fábrica, do sector, instalada na Europa.
O que faz exatamente a Polipropigal?
A Polipropigal fabrica filme de polipropileno bi-orientado, que é um plástico destinado à alimentação, é uma lâmina plana que é fabricada em rolos transparentes. Também pode ser utilizado para artes gráficas e encadernações mas trabalhamos mais para o ramo da alimentação, cerca de 90%, 95% do fabrico é para a alimentação.
E para quem vende?
Exportamos por volta de 80% do produto principalmente para a Europa, nomeadamente para a Alemanha, Itália, Espanha, exportamos ainda para o México. O filme que produzimos é oxo-degradável, isto é, leva um aditivo que rompe a cadeia molecular do filme, deste modo, entre três a seis meses após a fabricação, quando apanha luz solar, começa a desfazer-se.
Como nasceu em Arcos de Valdevez a Polipropigal?
A Polipropigal integra o grupo Peralada que é a autora da instalação e que se situa em Espanha. Quando uma fábrica se torna pequena há necessidade de ampliação mas esta não pode ser feita no mesmo espaço e como era necessário ampliar a fábrica teve de se encontrar outro local. Então, estrategicamente, Portugal fica muito perto de Espanha, sendo um ponto a favor, para além disso, vendemos para muito para multinacionais alimentares, então diversificam-se também os riscos políticos do país e, por último, a escolha de implementar a fábrica em Arcos de Valdevez foi devido ao apoio da câmara que foi total e absoluto. Chegamos a estudar outros pontos mas este era mais atrativo a vários níveis e com muita diferença.
E em quantas áreas de trabalho se divide a empresa?
Existe a linha de produção, depois a secção de corte, onde se cortam os rolos, a secção do embalo do produto, a área das expedições e a administração. A Polipropigal é totalmente autónoma da empresa de Espanha, tem autonomia financeira e autonomia de compra, mas claro que aproveitamos as sinergias de uma e da outra e compramos muitas vezes ao mesmos fornecedores mas é totalmente independente.
A nível de concorrência?
A nível de concorrência, em Portugal há outra fábrica, com dimensões bem mais reduzidas, que manufatura o mesmo tipo de filme mas há mercado para todos.
Neste momento, a Polipropigal está em vantagem tecnológica, temos tecnologia de ponta, não existe outra na Europa com este tipo de material.
Este sector sente a crise atual?
Sim, sentimos como todos sectores ainda que se diga que na alimentação não se ressente muito a crise mas não é verdade. As pessoas pensam que qualquer coisa que não venha num pacote custa menos mas nem sempre é assim porque se está num pacote de filme não é significativo porque estamos a falar de cêntimos, num produto de um euro se calhar falamos de dois cêntimos ou três, não mais.
Então as vendas ressentiram-se...
Sim, sentimos uma quebra das vendas, o consumo do polipropileno desceu na ordem dos 9%, 11% no último ano quando tinha um crescimento de 7%, 8% num ano. Em Portugal a quebra, mesmo assim, foi menor do que em Espanha pois este país é um dos mais afetados pela crise.
Em termos futuros que projetos planeiam desenvolver?
Tínhamos pensado fabricar outro tipo de filme mas, neste momento, ainda estamos a ponderar devido a toda a conjuntura, no entanto, esta fábrica já está preparada para mais uma linha de produção. Atualmente, estamos a produzir 30 mil toneladas de polipropileno, cerca de 3 milhões e meio de metros quadrados por dia. A nossa intenção passará, mais tarde, por dobrar a produção e exportar para os Estados Unidos pois é um mercado tentador, no entanto, para já, devido aos valores do euro e do dólar ainda não compensa entrar nesse mercado.
Entrevista realizada em dezembro de 2009