Identificar notícias que afinal são falsas permite defender-se do rumor e da ilusão.

Sabe como pode identificar fake news? Num tempo com grande facilidade de acesso à informação, é importante saber distinguir as mensagens verdadeiras das falsas. Defenda-se da má informação.

Manter-se informado nem sempre significa estar bem informado. Para perceber a diferença, deixamos-lhe algumas dicas que podem ser uteis para evitar cair na ilusão da informação falsa e do rumor.

Tomar decisões na sua vida com base em informação errónea pode ser desastroso e são muitos os relatos que nos confirmam casos de desinformação a circular nas redes socais ou em meios que nos deveriam merecer pouco crédito.

Desde as campanhas anti-vacinação, passando pela divulgação de estudos que afinal não existem, passando por mensagens alarmistas e com pouco fundamento, o fenómeno é preocupante.

Por isso, deixamos-lhe algumas dicas que o podem ajudar a defender-se e a evitar cair em mitos e falsidades.

O que são as fake news?

Bem se pode dizer que notícias falsas sempre existiram mas, a escala; os efeitos e a intensidade com que hoje são publicadas e partilhadas é ainda mais grave. O fenómeno pode explicar-se por múltiplos fatores como a proliferação de canais de comunicação, nomeadamente redes sociais – onde o sistema de filtragem e o crivo da investigação são menos apurados ou inexistentes.

Sendo noticias não deviam ser falsas, certo? Mas a rapidez e o volume com que a informação circula pode fazer confundir mensagens sem fundamento com o noticiário verosímil e confirmado. Passam despercebidas, no volume de informação que as pessoas consomem e  ao ritmo a que o fazem.

Por muito vagas, alarmistas ou fora do comum, há muita gente que nelas acredita e as partilha. Geram ruído, erro e desinformação. O conceito fake tem várias formas e motivos, alguns muito banais e sem intenção mas, a facilidade e rapidez com que estas mensagens são publicadas torna-as perigosas.

Os exemplos são diversos e incluem mensagens fabricadas para provocar determinado efeito, em muitos casos, impossível de remediar ou corrigir, mesmo que depois as notícias sejam desmentidas. Podem ainda resultar do lapso de entendimento entre opinião e informação. Ou, igualmente lamentável, resultar de um trabalho pouco apurado na verificação à veracidade do que se transmite pela entidade que produz e transmite essas mensagens.

Mesmo sem intenção de enganar ou deturpar, a circulação e partilha de mensagens falsas traz risco sério à nossa capacidade de decisão e mais, pode contribuir para desacreditar a imprensa séria - e essa sim credível. Cabe por isso, também, a quem lê, distinguir o trigo do joio.

O que distingue as fake news?

• São mensagens totalmente falsas;
• Podem ser mensagens que descontextualizam determinado dado para causar alarme;
• São peças de opinião que circulam como se fossem dados de fato;
• São meias-verdades com o objetivo de criar determinado efeito;
• Caracterizam-se pela sua falta de objetividade, rigor e ausência de prova:
• São mensagens a que não deve dar crédito nem partilhar, mesmo que estas mensagens lhe cheguem de alguém conhecido;
• Se não lhe reconhecer credibilidade não as partilhe mesmo que possa, à primeira vista, achar que o conteúdo é útil.

Consulte a versão portuguesa desta infografia da European Association for Viewers Interests (EAVI 9) onde pode consultar os vários formatos, motivos e efeitos destas mensagens enganadoras

Sensibilizar as audiências é importante

Não havendo receitas mágicas para resolver o problema da proliferação de notícias falsas, ou fake, é fundamental alertar e sensibilizar quem as consome - para evitar ou minimizar os efeitos negativos da sua influência.

E se existem notícias falsas cujo efeito pode ser irrelevante ou sem impacte sério da vida das pessoas, outras existem que podem afetá-las de modo trágico. Como por exemplo quando envolvem matérias de saúde pública.

Não sendo possível erradicar o problema na produção e publicação desta desinformação, há que pelo menos alertar para os seus perigos e apontar meios de defesa. O objetivo é que as audiências identifiquem, recusem e denunciem estes casos de mentira e ilusão.

Truques para resistir ao noticiário fake

• Seja crítico consigo e com a informação que consulta ou recebe. Responsabilize-se por si próprio e não confie cegamente;
• Distinga a opinião de alguém ou de uma entidade da verdade dos factos e da verdadeira informação;
• Não se deixe levar pelos seus próprios medos, convicções e aspirações. Se se sentir inseguro relativamente a determinado tema, é natural que acabe por aceitar qualquer proposta de explicação que lhe possam dar. Cuidado, porém, pode ser um embuste.
• Averigue a fonte da notícia ou conteúdos que recebe, autoria, data e contexto. Nunca se fique apenas pelos títulos. Verifique se aquele autor existe mesmo. Seja rigoroso na leitura;
• Se a mensagem lhe chega num post de facebook, aceda ao link antes de o partilhar sem ler;
  Faça uma pesquisa breve na net sobre os termos chave dos conteúdos para averiguar como estão a ser tratados noutras plataformas, nomeadamente as de reputação mais credível;
• Os posts de facebook vêm habitualmente acompanhados do icon i, onde pode clicar para obter mais detalhes daquela partilha em particular;
• A própria plataforma de facebook deixa um conjunto de alertas e boas práticas para se evitar os riscos de dispersar mensagens falsas. Consulte-a diretamente aqui;

Procure as plataformas de averiguação de noticiário e fact-check. Há diversas (muitas ligadas a órgãos de comunicação social com interesse em valorizar a qualidade da informação) a que pode recorrer para ter mais confiança no que lê. Em Portugal, pode aceder ao Poligrafomas há outras como:

• Projeto Prova dos Factos do Público;
• FactCheck.org;
• Agência Lupa ou Fato ou Fake (ambas do Brasil):
• CheckNews de Libération(França).

 Procure falar com entendidos que possam conhecer o tema dos conteúdos a que acede. A própria internet, por exemplo, pode oferecer-lhe esta oportunidade. Desde que - mais uma vez – tenha modo de confirmar a identidade de quem está do outro lado.

Saiba mais detalhes sobre este fenómeno da desinformação no Centro Internet Segura, um projeto que resulta do consórcio coordenado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e que reúne um conjunto de alertas  a ter em conta.

Como denunciar informação falsa?

Confrontada com o número de notícias falsas à volta do problema sanitário do Coronona Virus, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta uma síntese de como  denunciar noticias falsas nas várias plataformas.

Consulte aqui.

Fonte: cgd.pt/Site/Saldo-Positivo, 23/8/2021