Imprimir

Dormir. Fator determinante no desempenho profissional?

in Notícias Gerais
Criado em 08 agosto 2019

Pesquisas mostram que a falta de sono tem várias consequências que podem afetar negativamente o desempenho profissional. Então por que razão tantos locais de trabalho modernos condenam práticas que não ajudam a bons horários de sono?

O que têm em comum Indra Nooyi, CEO da Pepsi, Sir Richard Branson e Martha Stewart? Não precisam de muitas horas de sono; tem sido revelado que cada um deles dorme normalmente apenas seis horas ou menos por noite. Ao debaterem a sua capacidade de se aguentarem com poucas horas de sono, estes executivos servem de exemplo para uma norma que indica que uma noite de sono é opcional, ou até um luxo, se quisermos estar na vanguarda dos negócios.

Acreditamos que, neste aspeto, estes executivos não estão a dar um bom exemplo, nomeadamente no que respeita a obter o melhor desempenho do talento. Os gestores assumem que obter simplesmente o melhor talento nas suas organizações levará a níveis altos de produtividade. Mas esta hipótese ignora o facto de que as pessoas não funcionam a 100% na maioria dos dias.

Quando as exigências profissionais são muitas, ficam ansiosas, esgotadas e, em geral, cansadas – o que resulta num desempenho menos bom. Por simples que pareça, o sono regular é o melhor antídoto para um colaborador cansado ou ansioso. Claro que, como o sono faz parte da vida privada dos colaboradores, as organizações normalmente não o tentam influenciar, através do encorajamento de comportamentos preventivos.

Pior, muitas organizações têm líderes que exemplificam ativamente comportamentos que não se coadunam com práticas de sono saudáveis. Por exemplo, se um líder chega regularmente ao raiar do dia e fica até tarde, está a criar a expectativa de que os outros precisam de estar no escritório a toda a hora, dia e noite. Além disso, se os líderes enviam e- -mails muito tarde e esperam uma resposta antes da manhã seguinte…

Neste artigo, argumentamos que o sono é um recurso estratégico. Descrevemos as condições ineficazes e até perigosas sob as quais os colaboradores trabalham com poucas horas de sono e os vários efeitos que a sua falta de sono tem no desempenho. Um pormenor importante é que até os pequenos défices de sono podem ter consequências negativas. Apesar de os colaboradores muitas vezes se convencerem de que perder umas horas aqui e ali não faz grande diferença, estudos sugerem que fazê- -lo pode causar problemas. Perder menos de uma hora de sono numa noite leva a um declínio na memória e a um aumento de acidentes.

O sono perdido

Ainda que as necessidades de sono individuais variem, a Fundação Nacional do Sono nota que normalmente os adultos precisam de sete a nove horas por noite. Contudo, em qualquer altura, 29,9% dos norte-americanos reportaram que dormiam menos de seis horas. Detetou-se níveis semelhantes de falta de sono na Coreia, Grã-Bretanha, Finlândia e na Suécia.

A falta de sono pode levar a níveis mais baixos de esforço, de comportamento interpessoal e uma maior prevalência de comportamentos pouco ético ou desviantes. Além disso, leva a níveis mais baixos de confiança e cooperação nos processos de negociação. Similarmente, enfraquece o desempenho polivalente: as pessoas sonolentas têm mais dificuldade em concentrar-se numa tarefa em particular e o desempenho sofre.

Tendo em conta a relevância que as empresas dão aos cortes nos custos, também é importante reiterar a ligação entre bons padrões de sono e saúde. As pessoas que sofrem de sono crónico têm mais probabilidade de ficarem doentes, de se sentirem deprimidas e de serem obesas.

Como gerir o recurso

A perda de sono é influenciada pelas exigências do local de trabalho e pelas expectativas dos empregadores. Quer os colaboradores viajem por vários fusos horários para uma reunião, estejam em videoconferências à noite com um cliente global ou respondam a mensagens depois da hora de trabalho, os seus empregos estão inextricavelmente ligados à sua capacidade de estabelecer hábitos de sono saudáveis. É por isso que sugerimos que os gestores tomem medidas ativas para protegerem e preservarem o recurso estratégico do sono. Eis sete estratégias:

Perlow recomenda algum tempo longe do trabalho com o telemóvel desligado. Algumas pessoas poderão perguntar como colaboradores de serviços, como os consultores, podem escolher um tempo livre. Perlow levou a cabo uma pesquisa com consultores da Boston Consulting Inc. Uma das experiências exigia quecada participante tivesse uma noite livre por semana. Os consultores ao início estavam cépticos, mas no final reportaram benefícios, como uma maior satisfação profissional e melhor serviço oferecido aos clientes.

Os turnos com mais de oito horas também têm o seu efeito, que se assemelha à falta de sono e que deve ser evitado se possível. O trabalho nos serviços que pode ser feito virtualmente e pode ser alterado geograficamente para que os colaboradores, independentemente do local onde estejam, estejam sempre a trabalhar nas horas diárias normais nos seus próprios locais, mesmo que estejam a comunicar com clientes de outras partes do mundo onde é de noite ou manhã cedo.

Chave da Sustentabilidade

Dormir é um recurso estratégico importante. Em vez de verem o sono dos colaboradores como um dado adquirido, os líderes devem criar culturas e práticas que apoiem o sono. Práticas como a gestão de horários, bons exemplos e o reforço de comportamentos que protegem o sono podem ajudar as empresas a seguirem na direção certa.

Fonte: executivedigest.sapo.pt, 8/8/2019