Ergonomia cognitiva é um conceito a conhecer. Saiba qual a sua importância na preservação da sua saúde laboral e se é aplicado em Portugal.
A ergonomia cognitiva é uma ciência e, embora ainda distante do conhecimento do público geral, pode melhorar a sua qualidade de vida em contexto de trabalho. Bem aplicada, pode reduzir significativamente a probabilidade de acidentes de trabalho e o desgaste natural associado à repetição de tarefas. Saiba de que forma a ergonomia cognitiva pode ser aplicada e ajudá-lo no seu trabalho.
A IMPORTÂNCIA DA ERGONOMIA COGNITIVA
Independentemente do setor de atividade em que uma empresa opera, nos seus quadros existem sempre profissões de elevado desgaste físico e mental. Tarefas repetitivas e minuciosas, que impliquem elevados níveis de concentração, cargos que impliquem tomada de decisões importantes e de alta responsabilidade – todas estas atividades podem rapidamente conduzir a grandes níveis de desgaste nos colaboradores, uma situação a evitar.
É precisamente no contornar e evitar destas situações que incide a disciplina da ergonomia cognitiva. Pode evitar muitas dores de cabeça – literal ou metaforicamente falando – para as empresas e seus colaboradores.
O QUE É A ERGONOMIA COGNITIVA
A ergonomia cognitiva é uma ciência que se dedica ao desenvolvimento e ajuste de fatores mentais – cognitivos, afetivos e psicomotores – como a perceção, a atenção e a memória, e a sua influência no desempenho das pessoas durante a sua relação com um sistema, que englobe lidar com máquinas, tarefas e um determinado meio ambiente.
O objetivo da ergonomia cognitiva é proporcionar bem-estar e aumentar a produtividade, na relação entre homem e os elementos que compõem um sistema: neste caso, os elementos que fazem parte da sua atividade profissional.
COMO SURGIU
Tal como muitos conceitos que atualmente aplicamos à gestão de pessoas nas empresas, a origem da ergonomia cognitiva remonta ao pós-guerra, ou seja, à segunda metade do século XX. A ergonomia nasce com os objetivos práticos de segurança, satisfação e bem-estar dos trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos, defendendo-se que resulta em maior produtividade para a empresa.
OBJETIVOS DA ERGONOMIA COGNITIVA
Esta disciplina visa adaptar o contexto de trabalho às caraterísticas individuais do trabalhador e assim:
Eliminar a dor ou desconforto na realização do trabalho;
Permitir ao trabalhador abandonar diariamente o trabalho sem fadiga excessiva e estar apto para viver a sua vida pessoal normal e ativamente;
Favorecer o repouso;
Minimizar as marcas físicas na aparência causadas pelo desgaste profissional;
Manter uma boa mobilidade e um bom estado de saúde para as atividades quotidianas;
Prevenir os tratamentos médicos e a dependência de medicamentos, próprios dos transtornos músculo-esqueléticos crónicos e de uma fraca saúde mental;
Preservar e prolongar a capacidade de trabalho, evitando a reforma precoce;
Melhorar as relações pessoais, solucionando alguns tipos de conflitos próprios das relações de trabalho tensas entre pessoais em sobrecarga física ou psicológica;
Melhorar a qualidade de vida no trabalho, fomentando os sentimentos positivos, de auto-estima e eliminando os sentimentos negativos, contribuindo para uma boa saúde mental.
COMO SE APLICA
A ergonomia é, geralmente, implementada e avaliada por um especialista, o ergonomista. O ergonomista é contratado pela empresa e vai começar por analisar o impacto das relações entre o trabalhador e o sistema, como a carga mental excessiva durante o executar das tarefas, ou o surgimento de sintomas devidos ao trabalho, tentando encontrar formas adequadas para assumir maior controlo emocional e mental e organizar o trabalho de forma mais produtiva.
É UMA REALIDADE EM PORTUGAL?
As empresas portuguesas que dispõem de um departamento de gestão de pessoas geralmente estão atentas à manutenção da ergonomia nos postos de trabalho. No entanto, estão atualmente mais focadas na ergonomia física do que na ergonomia cognitiva.
Para otimizar o trabalho tornando-o menos desgastante psicologicamente, é necessário intervir profundamente sobre os processos de trabalho, tornar as organizações menos hierarquizadas e menos burocráticas e cultivar verdadeiramente as boas relações entre os colaboradores das empresas.
Fonte: e-konomista.pt, 19/9/2017