Na sequência da ajuda financeira prestada a Portugal pela troika (constituída pelo FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) e das consequentes medidas aplicadas, neste contexto, o InfoEmpresarial conversou com Empresários de diversos sectores de actividade e ouviu a sua opinião acerca do acordo estabelecido entre o executivo e os agentes internacionais.

Adolfo Sampaio - Farmácia da Lapa - Arcos de Valdevez

Considera as medidas impostas pela troika benéficas para Portugal?

Considerando a difícil situação económica de Portugal, temos que aceitar e considerar estas medidas como benéficas.

 

Depois destas medidas de austeridade, que futuro prevê para Portugal?

Acho difícil mas tenho esperança que estamos no percurso mais correcto e que a situação vai melhorar para todos.

 

 

 

 

 

 

 

Artur Pinto – Cartório Notarial de Ponte da Barca - Ponte da Barca

Considera as medidas impostas pela troika benéficas para Portugal?

À partida, as medidas, mais do que avaliar a sua bondade, parecem-me ser necessárias porque os sucessivos governos não foram capazes de tomar as medidas estruturais necessárias e deixaram chegar as finanças públicas a um ponto de rutura. É lamentável que tenha de ser uma entidade externa a dizer-nos o que fazer. As medidas em si, têm aspetos positivos, são bastante pormenorizadas e calendarizadas e assim acredito que possam avançar na sua concretização. Em relação aos seus efeitos na vida das pessoas, acho que a maioria ainda não interiorizou os sacrifícios que vão ser necessários.

 

Depois destas medidas de austeridade, que futuro prevê para Portugal?

Quanto ao resultado da sua implementação, embora acredite no princípio de que são necessárias finanças saudáveis para a economia poder começar a crescer de uma forma sustentável, parece-me, de acordo com a opinião dos peritos, que pode haver o risco de uma recessão prolongada. Também os juros que vão ser pagos pelos empréstimos são elevados e tenho dúvidas que daqui a dois ou três anos não seja necessária uma nova intervenção ou uma restruturação da dívida.

 

 

 

 

Carlos Seco - Inforvez - Arcos de Valdevez

Considera as medidas impostas pela troika benéficas para Portugal?

Apresentando-se como um conjunto de duras medidas, julgo que na sua generalidade são medidas positivas e se direccionam no sentido correcto, em pró da estabilização financeira e do crescimento económico de Portugal. Importante ainda, e pela austeridade imposta, é o facto de tais medidas acautelarem uma previsível recessão e revolta social, como recentemente aconteceu na Grécia e Irlanda.

 

Depois destas medidas de austeridade, que futuro vê para Portugal?

Ainda é cedo para prever o futuro próximo de Portugal. Sejam feitas as reformas estruturais necessárias e rectifiquem-se os erros do passado e julgo que Portugal terá potencial para dar a volta à crise e crescer no futuro.

 

 

 

João Cunha - Café Central - Ponte da Barca

Considera as medidas impostas pela troika benéficas para Portugal?

Não sei se serão benéficas, mas não tivemos nenhum político de nível e à altura para resolver esta situação, a começar pelo Sr. Presidente da República e o Sr. Vítor Constâncio que esteve vários anos no Banco de Portugal. Estes políticos sabiam que isto ia acontecer e nada fizeram. Acho que é tempo de tomar decisões. Já que nós não conseguimos tomar essas decisões, tiveram de vir organismos de fora para tentar arrumar a casa.

Acho que a dívida é muito grande, os juros a pagar são muito elevados. Considero que os valores teriam de ser melhor negociados porque nós não somos um país rico.

Depois destas medidas de austeridade, que futuro vê para Portugal?

Entendo que a crise ainda vai chegar e daqui a dois anos é que ainda se vai ver o que esta situação vai trazer para Portugal porque há muita gente a viver acima das possibilidades. Eu tenho 50 anos e já ouvia os meus avós dizerem que tinha de se apertar o cinto, por isso, os meus netos vão ter que apertar o cinto.

 

 

Pedro Silva – Policlínica Arcuense - Arcos de Valdevez

Considera as medidas impostas pela "troika" benéficas para Portugal?

Sou de opinião que as medidas impostas pela "troika" são necessárias no sentido de tentar inverter a situação de endividamento do país. Serão benéficas nesse sentido, reduzindo as despesas do Estado e contribuindo, assim, para a diminuição da dívida.

Mas, efectivamente, todas as medidas impostas têm como denominador comum, uma diminuição dos rendimentos das pessoas e das famílias. E, assim sendo, ninguém vai ver nisso qualquer benefício.

O que se passa na nossa Economia é um velho paradoxo: esbanja-se até próximo da bancarrota, num processo de endividamento descontrolado, e depois corta-se nos rendimentos das pessoas, aumentam-se impostos e sacrificam-se serviços públicos para conseguir pagar as dívidas.

Mais importante do que as medidas "de desespero" é encontrar um equilíbrio sustentável, com controle rigoroso das despesas, para que o país não se endivide e , assim, possa criar condições para um aumento progressivo do rendimento de cada um.

Se não hovesse uma situação de dívida desesperante poderia não haver aumento dos rendimentos mas, pelo menos, não seria necessário diminuir os parcos rendimentos de que dispomos.

 

Depois destas medidas de austeridade, que futuro vê para Portugal?

Infelizmente, o panorama não é animador!

Estas medidas são restições para diminuir as despesas e diminuir a dívida portuguesa. Mas o problema persiste: este país produz muito pouco e gasta mais do que pode!

O futuro de Portugal exige um conjunto de medidas estruturais que garantem uma maior produtividade, um controle rigoroso das despesas do Estado, uma responsabilização pessoal dos Gestores da Coisa Pública e o funcionamento de um poder judicial forte que garanta o combate sem tréguas ao despesismo criminoso, á corrupção, ás contabilidades paralelas, á fraude fiscal, à gestão danosa, etc.

Sou de opinião que sem estas medidas estruturantes, depois de passado este ciclo da crise se iniciará um novo ciclo que vai exigir novas medidas de restrição de rendimentos... E continuaremos a ser pobres e endividados, e a necessitar de novas ajudas externas, que teremos de pagar com juros elevados... E voltaremos a ser sujeitos a novas medidas restitivas, impostas pelos próximos credores.

 

 

 

Manuel Silva – Lopes & Silva Lda. - Ponte da Barca

Considera as medidas impostas pela troika benéficas para Portugal?

Superficialmente, por aquilo que tenho ouvido a alguns responsáveis deste país, eu não sei se estas medidas são benéficas uma vez que não as conheço em pormenor. Diria sim, que são necessárias, mas é uma pena que tivéssemos chegado a este ponto porque se nos destinos deste país estivessem pessoas com mais juízo e olhassem mais para o país do que para as suas próprias personalidades, decerto que isto não aconteceria.

 

Depois destas medidas de austeridade, que futuro vê para Portugal?

O povo português é um povo de sofrimento…e ainda bem que o é mas mesmo assim eu entendo que brevemente isto vai mudar de gestão. Espero que se mudar, que seja para melhor, se a população portuguesa vir à sua frente uma liderança que esteja interessada em mudar para melhor este país, todos os portugueses irão colaborar. Estou certo disso.

 

Entrevista realizada em junho de 2011